quarta-feira, 29 de novembro de 2023

Maria

MARIA (CHEIA DE GRAÇA)

Maria sabe que não é bonita, , mas tem graça, que é por vezes estranha,
Duma forma que nem sempre se entranha, por ser do contra e ter coragem,
por ser diferente, por se reinventar, sem se adaptar,  todos os dias sem excepção,
nas regras que ela própria faz, que ela própria inventa e segue,
em tudo o que o seu coração lhe diz que deve ser feito e ela faz,
Maria vive num mundo à parte, com todas as cores com que ela o pinta,
Um mundo menos sofrido, mais alegre, onde o amor existe e é verdadeiro,
Como um arco íris de esperança, de fé, de sonhos que nela nunca ganham pó,
E no canto do olhar tem um brilho, de braço dado com um sorriso imenso,
um não sei quê que causa a quem a vê um misto de embaraço, capaz de viciar,
Que desperta a inspiração e alimenta a vontade de querer sempre mais e mais,
Porque Maria é genuína, é desejo, vida que apetece viver e descobrir,
Porque Maria foi em tempos esculpida no mármore da intensidade, 
no desapego às normas nas mãos de um artista ébrio, porque Maria é luz,
num universo a preto e branco, de sombras despidas de corpo e sorrisos fingidos,
convenientes, transviados, envergonhados de quem quer e não sabe.
Maria não tem vergonha, é transparente, contagiante, provocante
 e até maliciosa no gosto de fazer corar essa gente adormecida de tanta sensatez,  
E mesmo sem ser bonita, tem Maria a graça que mais nenhuma outra tem.

terça-feira, 14 de novembro de 2023

Silencios Silêncios e palavras... Um provérbio chinês diz que "a palavra é prata e o silêncio ouro". É, sem dúvida, uma grande verdade embora hajam palavras que precisam de ser ditas, tal como o silêncio deve ser ouvido..."Não diga as coisas com pressa. Mais vale um silêncio certo que uma palavra errada. Demore naquilo que precisa dizer. Livre-se da pressa de querer dar ordens ao mundo. É mais fácil arrependermo-nos de uma palavra que de um silêncio. Palavra errada, na hora errada, pode se transformar em ferida naquele que disse, e também naquele que ouviu. Em muitos momentos da vida o silêncio é a resposta mais sábia que podemos dar a alguém. Por isso, prepare bem a palavra que será dita. Palavras apressadas não combinam com sabedoria. Os sábios preferem o silêncio. E nos seus poucos dizeres está condensada uma fonte inesgotável de sabedoria. Não caia na tentação do discurso banal, da explicação simplória. Queira a profundidade da fala que nos pede calma. Calma para dizer, calma para ouvir. Hoje, neste tempo de palavras muitas, queiramos a beleza dos silêncios poucos."(Padre Fábio de Melo)Mas quando um silêncio aparenta não ter explicação, como se explica? Qual a razão para calar as palavras, se só agora começam a ser proferidas? Porquê interromper um silêncio partilhado com um silêncio distante?...Palavras há que têm um sabor especial quando são ditas num longo silêncio, seja através de um olhar ou de um simples toque...Silêncios há, que por mais que sejam ouvidos, deviam ressoar com inúmeras prosas e poesias...O silêncio é melhor falado quando não se sabe o que falar...Por essa razão gosto do silêncio, mas quando não encontro o seu significado no outro, simplesmente não o entendo...Quando nele procuro refúgio, pretendo ouvir o meu próprio silêncio, para que assim as respostas que preciso saber ecoem bem alto dentro de mim...Nem sempre as consigo ouvir completamente, mas o que fica permite-me voltar a falar...

sábado, 11 de novembro de 2023

houve

Houve um tempo que fui dia

Houve um tempo meu amor que o meu corpo era uma tempestade e o teu olhar era o meu mar...as tuas palavras eram as ondas que me enlaçavam.
Houve um tempo meu amor que eras o vento que me acariciava tão suave e docemente como o mar que agora escorre do meu olhar.
Houve um tempo meu amor que o silêncio do vento murmurava aos meus ouvidos palavras de amor ecoando na distância e perdidas numa história de amor por escrever...num imenso vazio a transbordar do copo onde bebi a solidão...nas mãos onde o  beijo ficou esperando...na noite que agora é apenas uma sombra dos dias...nos lamentos que acompanham os meus passos.
Houve um tempo meu amor em que fui dia e o sol pousou no meu corpo...o luar afagou o meu rosto...mas hoje voltei  a ser noite...perdida  no vazio de um abraço onde te prendo e te perco...onde te quero e te deixo...envolto na rima dum poema perdido na luz do meu olhar.
Houve um tempo que os meus sonhos eram um barco ancorado num mar azul...que a janela do meu peito abria para um jardim de rosas e  os lápis com que me escrevia tinham todas as cores do arco-íris...nos meus dedos havia sempre um poema de amor...nos meus lábios um beijo e o meu corpo se vestia de pétalas e em cada recanto do meu rosto era Agosto...suave e terna brisa...fugaz papoila rubra de cabelos ao vento com versos ainda por florir e estrofes por serem jardim.
Houve um tempo em que bordei flores nos meus sonhos...enchi de estrelas o meu olhar...desenhei um céu azul e de pétalas de rosa perfumei o meu corpo...mas veio a noite e o veludo fez-se cardo e nas páginas vazias da vida morreu o calor das minhas mãos...a vontade sucumbiu como um rio de águas estagnadas.
Houve um momento meu amor em que o teu olhar me aqueceu e estava a vida toda nesse instante...infinito abraço onde me sonhei rosa e onde tu foste a madrugada que esperei.


14 de abril

Mudou.... Foi fim de semana, mas ainda assim não  sosseguei. A partida sem despedida, o trivial na conversa , nada de partilha. Não  estou h...