Fecho os olhos rasos de água, purificados pela dor que me
trespassa.
Ouço as tuas palavras que me alimentam a alma, que me fazem
levitar e querer viver mais para te sentir. Sinto o teu abraço, aquele abraço
que devia ser meu, que me aconchega e faz sentir em casa, mas, há sempre um mas….
Rapidamente te ouço dizer não, inventas palavras, desculpas
como se aquilo que eu estava a sentir fosse o maior dos males. Ouvi-te sem te
ouvir, olhei-te e mal te vi. Eu só queria parar o tempo no nosso abraço, só te
queria tocar sem reservas, mas não podia. Tu não querias. Doeu. Dói sem
reservas, sem aviso ou piedade. Eu não devia sentir-me assim, já não sou jovem
e sei lidar com ausências. Sim, as tais que não me alimentam, as tais que me
fizeram quem sou hoje, mas eu ousei sentir novamente, ousei fechar os olhos e
imaginar-nos a descobrir a essência da Paixão. Aqueles beijos que trocamos na
nossa rua escura, que guardei e sempre comparei, foram e serão o meu porto
seguro, os que eu quero para me alimentar.
Fui traída pelo destino mais uma vez, porque sim, porque me
iludi, porque eu acho que só devemos ser fieis a nós próprios, ás nossas
vontades e sentimentos, porque a vida é nossa e as transversais são só nossas,
tao nossas como a pele e o ar que respiramos. Mas eu não estou certa pensas,
porque as pessoas a vida e os astros não concordam com o que é só meu…..porra,
eu só te queria sentir….
Eu não te queria roubar a vida, eu não me queria matar numa
reta sem travões. Só queria olhar para o lado e abraçar te, sentir a tua respiração
ofegante junto do meu pescoço e bem devagarinho perder-me em ti e ousar sentir.
Coloquei a chaleira a ferver, fiz o chá que aprecio e
sentada neste cadeirão deslizo os dedos pelo teclado enquanto revejo o momento,
e lentamente te perco….
Sou nada nesta vida, faço tudo, invento horas, mas o que
realmente importa e não consigo ter….
Abraço-te no silencio da noite, num Adeus profundo, porque a
vida não nos permite um ate já.
Entrego-te o meu sentir selado com lagrimas salgadas, para guardares no
livro da memória, e quando eu já não estiver ca, terás sempre a certeza que eu
fui tua sem ser……
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