Houve um tempo que fui dia
Houve um tempo meu amor que o meu corpo era uma tempestade e o teu olhar era o meu mar...as tuas palavras eram as ondas que me enlaçavam.
Houve um tempo meu amor que eras o vento que me acariciava tão suave e docemente como o mar que agora escorre do meu olhar.
Houve um tempo meu amor que o silêncio do vento murmurava aos meus ouvidos palavras de amor ecoando na distância e perdidas numa história de amor por escrever...num imenso vazio a transbordar do copo onde bebi a solidão...nas mãos onde o beijo ficou esperando...na noite que agora é apenas uma sombra dos dias...nos lamentos que acompanham os meus passos.
Houve um tempo meu amor em que fui dia e o sol pousou no meu corpo...o luar afagou o meu rosto...mas hoje voltei a ser noite...perdida no vazio de um abraço onde te prendo e te perco...onde te quero e te deixo...envolto na rima dum poema perdido na luz do meu olhar.
Houve um tempo que os meus sonhos eram um barco ancorado num mar azul...que a janela do meu peito abria para um jardim de rosas e os lápis com que me escrevia tinham todas as cores do arco-íris...nos meus dedos havia sempre um poema de amor...nos meus lábios um beijo e o meu corpo se vestia de pétalas e em cada recanto do meu rosto era Agosto...suave e terna brisa...fugaz papoila rubra de cabelos ao vento com versos ainda por florir e estrofes por serem jardim.
Houve um tempo em que bordei flores nos meus sonhos...enchi de estrelas o meu olhar...desenhei um céu azul e de pétalas de rosa perfumei o meu corpo...mas veio a noite e o veludo fez-se cardo e nas páginas vazias da vida morreu o calor das minhas mãos...a vontade sucumbiu como um rio de águas estagnadas.
Houve um momento meu amor em que o teu olhar me aqueceu e estava a vida toda nesse instante...infinito abraço onde me sonhei rosa e onde tu foste a madrugada que esperei.
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