Às vezes, é bom sair de cena. Sentar na plateia. Ser o espectador de todos os que nos rodeiam. Foi o que eu fiz. Observei, com cuidado, os que mereciam minha empatia. Os que mereciam minha amizade. Meu respeito. Meu escândalo, quando necessário. E, com ainda mais cautela, observei os que só mereciam o meu silêncio.
A calma que o mar transmite, trava a tempestade dos pensamentos. A todos que aproveitam alguns momentos de sossego merecido, aproveitem muito bem e registem a magia das corres, as notas do mar e a luz do sol. Mistura perfeita de equilíbrio e sintonia.
E quando chega o Outono, depois de tantos Outonos, percebemos que temos que começar a arrumar gavetas. É uma tarefa difícil, mas necessária, é misturar o agridoce com sal e juntar a pimenta no papel envelhecido e amarelado.
É altura de riscar vírgulas em parágrafos longos e somar antes de subtrair.
Arrumar gavetas num Outono de tantos e seguir numa linha com interrogações e esperar pelas esclamacoes.
As folhas caiem, os zumbidos do vento são velhas melodias sem notas falsas, e a dança das palavras volta numa gaveta desarrumada.