Vagueando nas ruas da alma,
tento encontrar os traços, os meus pedaços,
O que fui, o que sou, ou o que serei...
Perco-me nos buracos que começaram pequenos,
Foram aumentando e por dentro estilhaçando,
O que fui, o que sou, o que não serei...
Portas mal fechadas, fechaduras forçadas,
Espaços vazios e inócuos, fugazes barulhos
Que só eu sei ouvir... das portas que não queria abrir..
Percorro os caminhos descalça de sonhos,
Os olhos turvos e cabisbaixos, desprovida de tudo...
Sento-me no chão e procuro onde deixei o que era,
O que fui, o que sou, o que serei...
No silêncio acutilante ouço o meu eco ressoar..
As lágrimas caem salgadas e sozinhas,
Travei batalhas que não as minhas,
As perguntas amontoadas num canto sem resposta
Lembram-me que é chegada a hora,
De desistir... de me deixar ir...
O que fui? O que sou? O que serei?
Apenas de uma coisa eu sei...
Perdi as cores com as quais um dia me pintei...